O RIO YAMUNA


Segundo a lenda, a deusa do rio Yamuna é irmã de Yama (o deus da morte), e filha de Surya (o deus do Sol.

O Rio Yamuna é quase tão extenso como o Rio Ganges, passando por várias cidades de norte a sul.

Dizem que agora está proibido cremar os mortos à beira do ganges e fomos jogar as cinzas de um filho de uma devota Narayana ,que mora no Rio de Janeiro, assim como eu, no Rio Yamuna.
Foi uma cerimônia muito bonita. Saímos em dois barcos todos decorados com flores e bandeiras.

Quando Chegamos em um banco de areia, descemos do barco e a cerimônia foi efetuada por um brahamane. Haviam muitos doces cobertos com folhas de prata e de ouro. Guirlandas de flores foram jogadas no rio e a que eu joguei abriu-se formando uma coroa.

VRINDAVANA


Segundo os Vedas, Krsna passou a sua infância nas águas do Rio Yamuna. Mais precisamente em Vrindavana, perto de Mathura, a penúltima estação de trem antes de chegar a Delhi.

Em Vrindavana fiquei 15 dias antes de continuar minha jornada para o Leste da India. Almoçamos um dia na casa de uma família de comerciantes local, tendo a oportunidade de ver o interior de uma casa tradicional indiana, seu modo de vida, e organização familiar, onde o serviço da casa é administrado pelas mulheres da família e o comércio fica com os homens. Cada loja é gerenciada por um irmão mais velho assessorado por seus filhos e sobrinhos.

Em Vrindava também existem muitos templos e palácios e portais muito antigos, onde são reverenciadas várias divindades védicas, tais como Hanuman, Jagannatha, Nrsinhadeva, Krsna - onde pude ver as filas de pessoas nas portas do templo recebendo alimentos que são distribuídos aos pobres todos os dias. A tradição diz que onde existe um templo de Krsna não pode ter pessoas passando fome nos arredores de até mais ou menos 3 mil metros.

Fiquei hospedada em um hotel ao lado do Templo Krsna Balarama. O hotel era grande e todo revestido em mármore branco.

Todos os dias eu ia até o templo ou ao Loi Bazer e tinha que passar por umas ruelas repleta de macaros sobre os muros. Para que eles não égassem meus óculos eu tinha que prender o véu do meu sari nos dentes.

Os quartos do hotel tinham 3 camas, banheiro, ventilador de teto e uma varandinha onde podia-se estender roupa. Todos os dias eu lavava meu sari e estendia nessa varandinha.

Um belo dia olhei de soslaio e vi um ser que parecia um menino, observei direito e vi que era um macaco, grande e forte.

Pensei: "se esse bicho me atacar ou entrar no meu quarto vai fazer um estrago, pois são muito artutos e curiosos e pegam tudo o que vêem. Entrei suavemente e fechei a porta antes que o macaco me alcançasse.


Um dos lugares mais bonitos naquele lugar especial de peregrinação, é o Lago Radha-Kunda - dedicado a Radharani, consorte eterna de Krsna. Esse lago sagrado fica ao pé da Colina de Govardana - colina que foi erguida por Krsna em um de seus passatempos com os habitantes de Vrindavana.

Meu grupo parcitipou de um Parikrama que circuambulou a Colina de Govardana.

Essa colina é regada dia e noite com leite, pelos brahmanes do lugar. Os animais das redondezes se aproveitam desse leite para se alimentarem. Pude observar que os animais de Vrindavana são muito gordos e bem nutridos pela fartura do lugar, em contraste com o restante da maioria dos lugares pobres da India.


Fiz de Vrindava meu ponto de referência para os outros lugares.

MAYAPUR


Em Mayapur, onde fica a maior cidade dos devotos de Krsna e onde moram muitos devotos estrangeiros, existe o mais importante templo Hare Krsna, onde fica o Samadhi (sepultura) de Sua Divina Graça Swami Bhaktivedanta Praphupada. O movimento nas margens do Ganges e pelas ruas da cidade é intenso. Encontrei pessoas de todos os lugares do mundo. Todas as tardes eu subia até o alto do templo para assistir o lindo por do Sol no Rio Ganges.

No Festival do Holi eu estava em Mayapur e me diverti muito com a guerra de pós coloridos que eram jogados sobre as pessoas nas ruas. Apesar das instruções de nosso guia para não sair sozinha às ruas, eu me aventurei e adorei aquela festa de rostos, cabelos e roupas coloridas como se fossemos telas humanas.

Também não segui as instruções do guia e saía todas as manhãs e me misturava com as mulheres na beira do Ganges para fazer minhas orações. Um dia resolvi pegar um barco sozinha. Contratei os marinheiros de um barco grande por indicação de um indiano que trabalhava em Mayapur e com quem fiz amizade e ele negociou com os homens, que me levaram até um grande banco de areia, onde fiquei por mais ou menos 1 hora recolhendo aquela areia bem fina do rio sagrado, e depois eles passaram e me trouxeram de volta.

Ao descer do barco minhas pernas não alcançavam a margem, então dois distintos senhores, que pareciam de uma casta de comerciantes bem sucedidos, me pegaram pelos ombros, um de cada lado, e me colocaram na calçada no meio das mulheres, onde eu já me acostumara com sua companhia. Me senti como que em casa.

Dentro da cidade murada, havia festas todos os dias. Houve um lindo parikrama com um elefante todo enfeitado de panos coloridos e dourados e guirlandas de flores, que não se assustava com as chamas das lamparinas da cerimônia durante o trajeto que passava pelos jardins e rodeava pela cidade até à entrada do templo.

Ouvi uma estória impressionante sobre a mãe desse elefante, que nasceu e foi criado em Mayapur. Dizem que sua mãe fazia sempre esse parikrama com a deidade de Krsna durante anos. Um dia a elefanta adoeceu e não melhorava mas também não morria. O tratador foi até o Sacerdote e pediu que levassem a deidade para a elefanta ver porque parecia que ela sentia saudades. O sacerdote assim o fez. Ao ver a deidade de Krsna, a elefanta olhou com um olhar de alivio, suspirou e logo a seguir morreu.

Por toda a planície do Ganges encontramos muitas cobras às margens do rio, e que invadem as casas e outras construções. Eu presenciei em Mayapur eles matarem uma cobra que assustava os turistas, mas na maioria das vilas os indianos convivem com as serpentes da mesma forma que com outros animais.

NAVADWIPA

Conhecendo os lugares sagrados dos Vaisnagas eruditos:


Conhecendo os lugares sagrados dos Vaisnagas eruditos:

OS TEARES DA BENGALA


TEMPLO DO DEUS DO SOL


Ainda em Orissa, em um vilarejo histórico chamado Konarak, visitamos o Templo de Surya, o Deus do Sol.

Esse templo foi muito importante nos tempos antigos e o lugar era muito próspero devido ao grande número de devotos que mantinham o templo e o enorme número de visitantes.

Mas hoje em dia é apenas uma ruína devido a invasão do general afegão Kalapahad, que invadiu o então reino de Orissa em 1508 e atacou diversos outros edifícios sagrados da região.

Conta-se que a deidade principal, que foi enterrada na areia para ser protegida contra os invasores, foi levada para o Templo de Indra, em Jaganatha Puri, embora digam que uma deidade no Museu Nacional de Delhi seja a verdadeira.
Pode-se ver ainda perfeitamente algumas das 24 grandes rodas esculpidas na pedra, simbólicas das 24 horas do dia, o que dá a impressão do edifício ser uma grande carruagem e os sete cavalos (um para cada dia da semana) chamados Gyatri, Usnika, Anustuv, Vrihati, Pangti, Tristup e Jagati.

Na grande arquitrave, parcialmente destruída, pode-se ver as personificações dos nove planetas: Surya (Sol), Chandra (Lua), Mangala (Marte), Budha (Mercúrio), Brihaspati (Júpiter), Shukra (Vênus), Shani (Saturno), Rahu e Ketu (Polos Lunares).

NA PRAIA DE PURI - ORISSA


Fiquei hospedada em um hotel na beira da Praia de Puri durante 15 dias. O portão dos fundos do hotel dava para uma estrada que beirava a areia da praia por um percurso bastante longo.

Todas as manhãs eu saía e me sentava em uma pedra à perto da areia e ficava esperando até que um grupo de mulheres passavam por aquele local, todos os dias à mesma hora, com um feixe de gravetos de árvores secas na cabeça (é um hábito as mulheres carregar tudo na cabeça: Jarros com água,grãos,óleos e outras coisas).

Na frente ia sempre uma mulher mais velha, seguida por outra, e mais outra, sempre as mais novas atrás, até que a última era quase uma adolescente. Elas andavam em fila, pés descalços e sempre com a fisionomia tranquila, sem nenhum tipo de afetação pelos acontecimentos à sua volta, sempre fixas nos seus afazeres.

Às vezes eu acordava um pouco mais tarde e saía correndo para o meu posto de observação para não perder a passagem das mulheres carregadoras para ver se em algum momento alguma delas se distraísse e olhasse para o lado, ou desse um sorriso curioso, ou esboçasse algum sinal de descontentamento ou cançasso; mas nada... elas passavam sem se incomodar com nada seguindo sempre o mesmo caminho, fazendo sempre o mesmo serviço, sem que nada as afligisse ou as distraísse... muito perseverantes e conformadas com seu destino. Uma cultura muito diferente da nossa.


A praia de Puri, provoca um sentimento que faz com que a consciência se expande, desde que se entregue totalmente ao humor devocional por Sri Caitania Mahaprabhu.
Foi nesta praia que Mahaprabhu enlouqueceu de amor a Krsna e entrou no mar, sendo encontrado muitos quilômetros além, por pescadores locais, em total estado de samadhi (mesmo estando vivo tinha a aparência de morto).

Como o por do Sol tem a aparência dourada em todos os lugares, isto pode ser confirmado nas fotos aqui editadas da praia de Puri, todos os dias eu ia meditar sozinha na areia da praia e observar o por do sol com seu reflexo nas águas do mar, mas não sei porque razão eu via o por do sol prateado e não dourado como todos o viam. Esse lugar é muito especial.

O JAGANATH MANDIR



Templo do Senhor do Universo - Jaganatha

A incrível sala dos espelhos no palácio de Delhi

A comovente oferenda em forma de cântico

RETORNO A VRINDAVANA


Gostei tanto de Vrindavana, que retornei para ficar mais 3 dias antes de retornar ao Brasil por sentir que Vrindavana era como um lar para mim, tamanha era a minha afinidade com aquele lugar tão devocional, tranquilo em certos lugares e festivo em outros. Já estava familiarizada até mesmo com os macacos do lugar, que eram muito gordos e bem alimentados como todos os outros animais das redondezas.

O motivo de não ter muitas fotos minhas é que fui para a India com a roupa do corpo, uma colher de sobremesa (pois não sei comer com as mãos) para poder sentir a viagem de peregrinação da minha vida sem nenhuma interferência exterior ou preocupação com bens materiais como máquina fotográfica, filmadora, compra de filmes, etc... Consegui apenas algumas poucas fotos que me foram enviadas pela Lila-Avatara, uma amiga que estava no meu grupo de viagem e que tinha uma filha que estudava com os meus filhos no Gurukula de Nova Gokula, Pindamonhancaba-SP.

Fiquei totalmente imersa no humor transcendental que aquele lugar oferece, podendo abservar cada detalhe e acontecimento sutil que o excesso de materialismo não nos permite absorver.

No dia do retorno o gerente do hotel onde fiquei hospedada providenciou um taxi para me levar até o aeroporto de Delhi em total segurança. E voltei com o coração leve e cheia de energia para recomeçar uma nova etapa na minha vida.

DE VOLTA AO BRASIL

ABRAÇANDO MEUS AMADOS FILHOS


Durante os meses em que fiquei na India, não telefonei nenhuma vez para minha casa, pois tinha total confiança que meu filho Miguel iria administrar as despesas tando na manutenção da casa, de seus estudos e de seus irmãos, apesar dele ser muito jovem e estudante universitário, na época. Enviei um email quando cheguei em Mayapur e outro no final da viagem avisando o dia e hora em que chegaria no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro. Quando cheguei lá estavam meus dois filhos Miguel e Acyuta com meu carro para me levar para casa. Fiquei imensamente feliz em reencontrá-los e recomeçamos nossa vida com mais serenidade devido a experiência tão positiva dessa viagem.